quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A descoberta

O momento da descoberta em ser uma portadora da síndrome é crucial, é na época em que tudo está bem, aparentemente normal, até que a primeira menstruação não vem e todas as amiguinhas ao redor já viraram moças. É nesse momento que há a necessidade de procurar um profissional, um ginecologista para averiguar o que está acontecendo com nosso corpo, ai surge àquela bateria de exames, e quando vamos fazer a ultra-sonografia vem o baque: o útero não é encontrado, como?

Como assim.... é, naquele momento não há explicações nenhuma que possa ocupar esse vazio. Mas o pior é o profissional não saber te passar a informação, simplesmente fala que você não tem um útero e não poderá ser mãe e que talvez seu canal vaginal seja mais curto do que o normal, só isso? É.... ao menos comigo o profissional não soube me definir nada, de como acontece, o porque, é só eu ou tem mais alguém por aí com a mesma síndrome, alguma informação sobre?

Na verdade o profissional nem me disse que era uma síndrome, disse somente: você não tem útero, não poderá ter filhos. OK. Por mais que eu questionasse algumas coisas, eu não obtinha respostas.

No meu caso eu fiquei 7 anos sem buscar informações sobre esse assunto, nunca havia pesquisado, quando ia a outros ginecologistas o tratamento era o mesmo, recebia até algumas informações errôneas e isso me machucava muito, porque se um ginecologista que cuida justamente dessa área não sabe me passar essas informações onde é que vou encontrar? Quem vai me ajudar, auxiliar?

Sete anos depois foi que eu fui pesquisar na internet sobre: mulheres que nascem sem útero e através dessa pesquisa encontrei um blog que falava da síndrome e através dele descobri que eu não era a única.

Porém, a síndrome é algo que oscila muito em minha vida, pois tem dias que isso não me afeta em nada, estou super tranqüila e bem resolvida quanto a isso, mas tem dias que ser portadora é tudo, que ter a síndrome é tudo de ruim.... que ela não me dá a opção em não ter filhos, ela me dá a condição, não posso ter e pronto (ao menos gerado em mim).

Mas graças a Deus hoje eu sei que não estou sozinha, que posso contar com muitas pessoas e tenho o apoio de todos ao meu redor e ser mãe.... bom, ser mãe eu posso ser de outras maneiras, mãe de coração ou optar pelo útero de substituição, mas isso é algo a se pensar mais à frente!

E a sua descoberta, como foi?

2 comentários:

  1. Oi, não sou portadora, mas me sensibilizo com o tema, pelo fato de ter uma pessoa muito próxima a mim com este problema.
    Gostei muito desta abordagem; trazendo mensagem de esclarecimento superação e motivação para outras meninas portadoras. E não apenas isso, mas também podemos ver a má preparação de alguns dos nossos médicos, e não falo exatamente do meio técnico da área, mas da forma em como se trata o paciente, na qual deveria ser de forma digna,empática e o máximo possível esclarecedora.
    Parabéns pelo blog!

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    1. Olá Bárbara, obrigada pela postagem.
      Realmente os médicos não tem esse cuidado ao dar essa notícia a portadora, e isso faz com que a adolescente fique perdida, ainda mais nessa fase de constantes conflitos né.... por isso muitas optam em se "esconderem", até por se tratar de uma questão muito íntima, e além da vergonha de procurar ajuda ainda existe um "pouco caso" com a portadora que tenta buscar respostas e não as obtém, às vezes não obtém nem um apoio e a melhor saída, ao menos comigo foi assim, era não mexer nessa dor, era sofrer sozinha e não buscar ajuda, já que quando eu procurei ajuda não obtive sucesso. (isso com profissionais da área, quando eu descobri que não era a única tudo mudou)
      Os profissionais da área deveriam tratar esse assunto mais delicadamente, quem sabe um dia! =)

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