segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

EU SOBREVIVI!


Hoje fui a uma nutricionista e qual é minha surpresa: o consultório se localizava no mesmo local onde há 10 anos eu fui a ginecologista e recebi o diagnóstico de agenesia uterina. De imediato não tive reação alguma em relação a isso, mas no momento em que eu me sentei para esperar ser atendida, comecei a relembrar daqueles dias.... afinal o consultório da ginecologista, que ainda se encontra lá e ela ainda atende, estava lá no mesmo lugar, do meu lado praticamente, com a mesma plaquinha na porta e quiçá a mesma secretária. E foi aí que me emocionei, lembrando daqueles dias.... de angústia, medo, receio.... e lembrando da inexperiência, da médica mesmo em me falar o diagnóstico, da falta de informação, da solidão, culpa, a busca por respostas.... e depois de 10 anos me encontro aqui: EU SOBREVIVI!
Sim, eu sobrevivi a falta de informação, ao medo da não aceitação, rejeição, as vezes até por mim mesma em relação ao meu corpo. E sim, eu tive e ainda tenho uma vida normal. Como qualquer outra mulher. Fiz a neovaginoplastia, tenho minha vida sexual normal. Hoje não me questiono tanto os porquês: porque eu? porque comigo?
Eu não sei! E nem sei se alguém sabe, só Deus mesmo, com algum propósito por mim ainda desconhecido....
Claro que meus momentos de baixa ainda vem, ultimamente me pego pensando se sou merecedora do que estou vivendo, em relação a relacionamentos, se realmente mereço alguém que realmente goste de mim e do jeito que eu sou, afinal ele sabe de tudo isso. E aí me questionam: por quanto tempo você esperou por isso??? Você é merecedora sim!
Mas o importante agora é que hoje as meninas que se descobrem portadoras da síndrome tem mais informações do que eu tive quando me descobri assim. Eu tentei buscar ajuda na época, sem sucesso, e me retraí. Não quis mais sofrer com isso. Mas o tempo fez com que sim, você tem que mexer nessa ferida e fazer o que for necessário para não se sentir inferior e incapaz em relação as outras mulheres. E foi aí que passei a buscar informações na internet mesmo. 
Hoje o importante é levar informações a essas "novas" meninas. E é isso que tento, não sozinha, mas juntamente com centenas delas. Graças a Deus a informação sobre a síndrome é mais fácil de ser encontrada e descobrir que não se está só esta a um passo de um clique.
Realmente o tempo faz coisas que não imaginamos! E eu espero que você, recém descoberta portadora, não sinta vergonha em buscar ajuda. Você precisa, assim como eu precisei. Nós precisamos! O apoio uma das outras é o que nos dá forças. Se eu tivesse encontrado tudo isso mais nova, há 10 anos, acho que algumas coisas teriam sido diferente, mas não o foi. Porque na época eu fiz a escolha em me esconder, afinal se trata de um assunto tão íntimo que tive vergonha sim de ficar buscando ajuda, indo atrás, pra falar disso, seja com minha mãe ou com um médico, até porque as vezes que foi com médico eu me frustrei muito, ainda mais depois que uma me jogou um exame pra eu fazer sem ao menos tocar um dedo em mim. A insensibilidade foi enorme, se foi assim na primeira consulta, imagine se eu tivesse insistido nisso com aquela profissional?? A frustração seria maior. Mas quando encontramos alguém que sabe sim do que se trata e o que deve se fazer, as coisas mudam, a conversa muda. É muito bom conversar com gente que sente na pele o que sentimos e com profissionais que sabem o que falam e entende o que é a Síndrome de Rokitansky.
Busque ajuda nos locais certos. Busque saber quais são os profissionais mais próximos a você que pode te atender e vai saber como conversar sobre.
Busque conversar com mais meninas portadoras. Busque nosso grupo de apoio. 
Faça parte e juntas seremos mais forte!

Nenhum comentário:

Postar um comentário